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Nutrição nas Doenças do Fígado e Intestino

O que é doença hepática

gordurosa não alcoólica ou esteatose hepática?

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma condição clínica caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado e ocorre em pessoas que não apresentam história de ingestão alcoólica significativa. A DHGNA pode ser caracterizada por esteatose simples (acúmulo de gordura “pura” no fígado) ou por esteatoepatite (acúmulo de gordura no fígado associado à inflamação). A esteatohepatite não-alcoólica (NASH – do inglês non alcoholic steatohepatitis) é a forma de maior importância clínica, e com maior potencial de evolução para cirrose. Recentemente, estudos têm mostrado relação entre NASH e câncer de fígado.

 

Importância da doença no mundo e no Brasil

  • Diabéticos

  • Obesos

  • Pessoas com níveis de colesterol total alto ou de colesterol HDL baixo

  • Pessoas com níveis de triglicérides alto no sangue

  • Hipertensos

Nutrição nas doenças do fígado e intestino

A prevalência mundial da DHGNA ainda não foi determinada, mas estima-se que acomete cerca de 25% população geral (dependendo do método diagnóstico utilizado). Atualmente, é reconhecida como principal doença crônica do fígado e vem recebendo atenção em todo o mundo. Acomete todas as faixas etárias, entretanto, a prevalência parece aumentar com a idade.

 

Quem tem maior predisposição à doença?

Estudos prévios estimaram que a DHGNA acomete cerca de 75% dos obesos e dos diabéticos.

 

O que causa a doença

A resistência insulínica parece estar implicada na patogênese da DHGNA mesmo na ausência de obesidade e diabetes. Dieta, em particular a quantidade e o tipo de carboidrato e gordura ingeridos, está relacionada à resistência insulínica e pode aumentar o risco de desenvolvimento de diabetes e prejudicar o metabolismo de lipídeos. Consequentemente, a dieta pode influenciar a infiltração de gordura no fígado e causar dano oxidativo.

 

Tratamento

O objetivo do tratamento da DHGNA é reduzir a resistência insulínica, o estresse oxidativo, a inflamação e a fibrose hepática, bem como controlar as condições associadas (obesidade, diabetes, dislipidemia, hipertensão e síndrome metabólica). Porém, até o presente, não há medicamento específico aprovado para o tratamento desta doença, apesar de inúmeros estudos em andamento sobre o assunto. Grande parte desses ensaios clínicos envolve o uso de agentes insulino-sensibilizantes, especialmente as biguanidas (metformina) e tiazolidinedionas (glitazonas). Dessa forma, o tratamento preconizado atualmente é baseado em modificações do estilo de vida, por meio de dieta adequada e prática regular de exercício físico, associadas à abordagem terapêutica das doenças associadas. A descontinuação do uso de drogas hepatotóxicas também é recomendada.

 

Nutrição e fígado

Uma dieta inadequada, especialmente aquelas com grandes quantidades de carboidratos refinados e gorduras saturadas, está relacionada à resistência insulínica e pode aumentar o risco de obesidade, desenvolvimento de diabetes e prejudicar o metabolismo de lipídeos. Dessa forma, a dieta pode influenciar a infiltração de gordura no fígado e causar dano oxidativo. Modificações nos hábitos alimentares têm mostrado um importante impacto na prevenção e melhora das alterações metabólicas na DHGNA. 

De uma maneira geral, a composição da dieta pode ser categorizada em macronutrientes – carboidratos, lipídeos e proteínas – e em micronutrientes – vitaminas e minerais. Sabe-se que a manipulação do conteúdo de nutrientes da dieta pode exercer influência sobre a pressão arterial sistêmica, a resposta inflamatória, os níveis séricos de lipídios e a resistência insulínica independentemente da perda de peso. As diretrizes norte-americanas sugerem que a perda de peso de 5% do peso reduz a esteatose no fígado e perda de peso superior a 10% do peso parece reduzir necroinflamação.

A grande questão é qual a dieta mais adequada para pacientes com DHGNA?  Alguns estudos, propõe dieta hipocalórica com resultados satisfatórios a curto prazo, entretanto, quando se avalia a adesão a longo prazo, esses benefícios são perdidos em parte dos pacientes pela dificuldade de se manter restrição calórica por períodos maiores.

Entre várias abordagens dietéticas que beneficiam pacientes com DHGNA, o padrão dietético mediterrâneo tem merecido destaque. A dieta mediterrânea é caracterizada pela presença de grãos/cereais integrais de baixo índice glicêmico, pelo alto teor de gordura monoisaturada e polinsaturada ómega-3 e pela presença de compostos fitoquímicos que trazem inúmeros benefícios à saúde hepática. Carboidratos ricos em fibras e de baixo índice glicêmico melhoram a resposta glicêmica e insulinêmica. Já os ácidos graxos polinsaturados, provenientes do maior consumo de peixes fontes ómega-3, estão associados a um melhor metabolismo lipídico hepático. Finalmente, compostos fitoquímicos, tais como polifenóis dietéticos, provenientes da uva, azeite e vegetais da dieta, melhoram a inflamação, que é considerado um dos mecanismos chave na progressão da DHGNA.

Considerando que a dieta exerce um papel central no tratamento da DHGNA, o acompanhamento destes pacientes por um nutricionista especialista torna-se recomendável.

Nutrição em Doenças Digestivas

Síndrome do Intestino Irritável

Estimativas sugerem que um a cada cinco brasileiros apresentam queixas de gases associadas a um ou mais dos sintomas a seguir – distensão abdominal, dor abdominal, alteração do padrão intestinal (diarreia ou constipação) e presença de sons/ ruídos na região abdominal que geralmente causam constrangimentos.

Essas queixas são frequentes em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável. Entretanto, nem sempre as drogas  utilizadas levam a resolução significativa dos sintomas.

Você sabia que a dieta pode auxiliar muito na redução destes sintomas?

A FODMAP DIET reduz em mais de 70% dos sintomas apresentados, com eficácia superior à da maioria dos medicamentos utilizados. FODMAP é um acrônimo para um conjunto de carboidratos osmóticos que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas (“oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monosacarídeos e polióis”). Diversos alimentos ricos em FODMAP são excluídos da dieta por 6 a 8 semanas. Após esse período, inicia-se a introdução de grupos de alimentos, que geralmente acontece com inclusão isolada e gradual de alimentos ricos em frutose, lactose, sorbitol, manitol, frutanos e rafinose.

O processo de reintrodução deve-se ser cauteloso e exige sensibilidade e cuidado do profissional e paciente para detectar a quantidade máxima tolerada de cada grupo ou até mesmo os alimentos específicos que causam os sintomas. A partir disso, pode-se criar um plano alimentar que vise o cumprimento do aporte nutricional individual com a exclusão destes alimentos, sem comprometer suas necessidades nutricionais.

Idealmente a dieta de exclusão não deve ser feita por muito tempo devido à restrição de componentes importantes da dieta. É extremamente importante o acompanhamento nutricional durante todo o tratamento. O profissional nutricionista é essencial para ajudar com a escolha dos alimentos pobres em FODMAP, evitando o aparecimento de deficiências nutricionais e auxiliando em uma maior variedade de alimentos e preparações na dieta.

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